mae com filho autista

Tenho um Filho Autista: Posso Pedir o BPC? Veja o Que Diz a Lei

Se você tem um filho autista e está em situação de vulnerabilidade social, saiba que ele pode ter direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), um auxílio garantido por lei para pessoas com deficiência de qualquer idade.

Neste artigo, você vai entender de forma simples e clara o que é o BPC, quais os requisitos, como fazer o pedido e o que fazer se ele for negado.

Publicado em

28 de jul. de 2025

Revisado em

28 de jul. de 2025

O que é o BPC e para quem ele é destinado?

O BPC (Benefício de Prestação Continuada) é um benefício assistencial garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Ele é pago mensalmente no valor de um salário mínimo, para pessoas que:

  • Têm deficiência física, mental, intelectual ou sensorial (sem limite de idade),

  • Ou são idosas com 65 anos ou mais,

  • E vivem em situação de baixa renda, sem meios de prover o próprio sustento.

Importante: o BPC não é aposentadoria e não exige contribuição ao INSS. Ele é voltado a quem está em situação de vulnerabilidade social.

Criança autista tem direito ao BPC?

Sim, crianças e adolescentes com autismo podem ter direito ao BPC, desde que a família comprove dois critérios principais: a condição de deficiência e a baixa renda familiar.

A deficiência é caracterizada pelo diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (CID F84.0), que pode ser de qualquer grau, leve, moderado ou severo. O que importa é o quanto o autismo interfere nas atividades do dia a dia da criança, como na comunicação, interação social e autonomia.

Além disso, é preciso que a família esteja em situação de vulnerabilidade, ou seja, com renda por pessoa inferior a 1/4 do salário mínimo. Essa condição será avaliada pelo INSS com base em documentos, cadastro no CadÚnico e, em alguns casos, visitas domiciliares.

Quais são os requisitos para receber o BPC por autismo?

Para que uma criança ou adolescente com autismo tenha direito ao BPC, é necessário que dois requisitos principais sejam cumpridos: comprovação da deficiência e baixa renda familiar. Vamos entender melhor cada um deles:

1. Comprovação da deficiência

No caso do BPC, a deficiência não se resume ao diagnóstico médico. O INSS avalia se a criança ou adolescente com autismo enfrenta barreiras que impedem sua plena participação na sociedade em igualdade de condições com outras pessoas da mesma idade.

O autismo é considerado uma deficiência para efeitos legais, mas é necessário demonstrar que ele causa impedimentos de longo prazo em áreas como comunicação, aprendizado, mobilidade, autonomia ou socialização.

Para isso, é essencial apresentar:

  • Laudo médico com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), contendo o CID F84.0 ou equivalente;

  • Relatórios de profissionais da saúde (psicólogo, neurologista, psiquiatra, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo) que descrevam os impactos do autismo na rotina da criança;

  • Informações sobre a necessidade de acompanhamento constante, terapias, dificuldades na escola ou na interação com outras pessoas;

  • Se possível, declarações da escola ou de profissionais da rede de apoio, mostrando como o autismo interfere na vida cotidiana da criança.

A junção de documentos médicos, sociais e escolares fortalece a comprovação da deficiência para fins de BPC.

2. Comprovação de baixa renda

Além da condição de deficiência, o BPC só é concedido se a criança viver em situação de vulnerabilidade social, ou seja, em uma família com renda mensal por pessoa inferior a 1/4 do salário mínimo.

Para calcular essa renda, some todos os rendimentos da casa (como salários, pensões, aposentadorias e outros benefícios) e divida pelo número de moradores.

Além do valor da renda, o INSS pode analisar:

  • O cadastro no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais), que deve estar atualizado nos últimos dois anos;

  • Condições de moradia, gastos com remédios, alimentação especial, transporte, terapias e outros fatores que agravam a vulnerabilidade;

  • Em alguns casos, pode ser feita uma visita domiciliar por assistente social, para verificar a realidade da família de perto.

Mesmo que a renda ultrapasse um pouco o limite, é possível argumentar judicialmente, especialmente se houver despesas relevantes com a criança e ausência de políticas públicas suficientes para atender suas necessidades.

Como é feita a avaliação do INSS nesses casos?

Após o pedido, o INSS pode realizar diferentes etapas de análise. A primeira é a análise documental, em que o órgão avalia os laudos e relatórios médicos. Em seguida, pode haver uma perícia médica, feita por profissionais do INSS, para confirmar o diagnóstico e os impactos da deficiência.

Além disso, o caso pode passar por uma avaliação social, realizada por assistente social do INSS ou da rede de assistência, que observa a realidade familiar, condições de moradia, renda, despesas e necessidades da criança. Nem sempre o processo é simples, por isso é importante estar bem orientado.

Como solicitar o BPC para filho autista? Passo a passo

O processo pode parecer burocrático, mas com a orientação correta e os documentos organizados, é possível solicitar o benefício com mais segurança. Abaixo está um passo a passo detalhado e atualizado:

1. Atualize ou faça o CadÚnico

O primeiro passo é comparecer ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) mais próximo da sua casa para atualizar ou fazer o Cadastro Único, incluindo todos os membros da família. Leve os documentos de identidade, comprovante de residência e comprovantes de renda (se houver).

Sem o CadÚnico atualizado, o pedido do BPC não pode ser processado pelo INSS.

2. Reúna todos os documentos necessários

Organize os documentos da criança e da família. Isso inclui:

  • Certidão de nascimento ou RG e CPF da criança

  • RG, CPF e comprovantes de renda de todos os membros da casa

  • Laudos médicos atualizados com CID F84.0

  • Relatórios complementares de terapeutas, psicólogos, neurologistas, etc.

  • Comprovantes de gastos com medicação, alimentação, fraldas, transporte e terapias

  • Declarações escolares ou de acompanhamento social, se houver

Quanto mais completa a documentação, maior a chance de o pedido ser analisado com mais sensibilidade e compreensão.

3. Faça o pedido pelo Meu INSS

Você pode solicitar o BPC das seguintes formas:

  • Acesse o Meu INSS (via site ou aplicativo), faça login com a conta gov.br e clique em “Agendamentos / Requerimentos”, depois em “Novo requerimento”. Procure por “Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência” e siga as instruções.

  • Ligue para o telefone 135 (de segunda a sábado, das 7h às 22h).

  • Compareça a uma agência do INSS, com agendamento prévio.

Durante o processo, pode ser solicitado que você anexe documentos digitalizados ou compareça para perícia médica e avaliação social.

4. Acompanhe o andamento do pedido

Após a solicitação, é possível acompanhar o processo pelo site ou aplicativo Meu INSS. O benefício pode ser aprovado, indeferido ou encaminhado para avaliação adicional.

Fique atento a:

  • Chamados para perícia médica ou entrevista com assistente social;

  • Solicitações de documentos complementares;

  • Prazos para apresentar recurso, em caso de negativa.

5. Se for negado, recorra ou busque ajuda jurídica

Caso o benefício seja negado e você discorde do motivo, é possível apresentar um recurso administrativo diretamente no INSS. O prazo é de 30 dias após a decisão.

Se ainda assim a resposta for negativa, um advogado pode ingressar com ação judicial para garantir o direito da criança, apresentando provas e argumentos que mostrem a real situação da família e os impactos do autismo.

Perguntas Frequentes sobre o BPC para Crianças Autistas

Criança autista tem direito ao BPC?

Sim, desde que a família comprove baixa renda e a condição de deficiência.

Qual a renda máxima para ter direito ao BPC?

Até 1/4 do salário mínimo por pessoa da família, mas o INSS analisa o contexto.

Precisa de laudo médico para pedir o BPC?

Sim. É necessário apresentar laudo que comprove o Transtorno do Espectro Autista.

O BPC para autistas é vitalício?

Não. O benefício pode ser revisto periodicamente pelo INSS.


O que fazer se o pedido for negado?

Se o pedido do BPC for negado, o primeiro passo é verificar o motivo da negativa. Muitas vezes, o indeferimento acontece por falta de algum documento, erro na análise do INSS ou porque a renda familiar ultrapassa um pouco o limite previsto, mesmo com dificuldades reais.

Se houver erro ou injustiça, é possível apresentar um recurso administrativo, solicitando uma nova análise. Caso o recurso também seja negado, a família pode procurar um advogado para ingressar com uma ação judicial, onde será possível demonstrar melhor os impactos da deficiência e a situação de vulnerabilidade da criança e da família.

Como um advogado pode ajudar no pedido do BPC por autismo?

Um advogado especializado pode fazer toda a diferença na hora de solicitar o BPC. Ele ajuda a reunir os documentos certos, orientar os médicos sobre como elaborar relatórios mais completos e apresentar o pedido de forma clara e estratégica.

Se o benefício for negado, o advogado também pode recorrer nas vias administrativas ou entrar com ação judicial. Além disso, o apoio jurídico garante que a família seja respeitada, escutada e orientada com responsabilidade e empatia, evitando perdas de tempo e desgaste emocional.

Precisa de ajuda jurídica?

Precisa de ajuda jurídica?

Converse agora com quem entende o seu problema

Se você está passando por uma situação delicada no trabalho ou está com dificuldades com o INSS, não precisa enfrentar isso sozinho. Clique abaixo e fale diretamente com uma das advogadas do nosso escritório.

Dicas e orientações jurídicas para o seu dia a dia

Orientações jurídicas para o seu dia a dia

Acesse nossos artigos mais recentes

Idosa que nunca contribuiu para o INSS

Direito Previdenciário

Nunca Contribuí Para o INSS: Posso Me Aposentar Por Idade?

mae com filho autista

Direito Previdenciário

Tenho um Filho Autista: Posso Pedir o BPC? Veja o Que Diz a Lei

Trabalhadora rural

Direito Previdenciário

Como Conseguir Aposentadoria Rural? Entenda a Documentação Necessária