O que é o BPC e para quem ele é destinado?
O BPC (Benefício de Prestação Continuada) é um benefício assistencial garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Ele é pago mensalmente no valor de um salário mínimo, para pessoas que:
Têm deficiência física, mental, intelectual ou sensorial (sem limite de idade),
Ou são idosas com 65 anos ou mais,
E vivem em situação de baixa renda, sem meios de prover o próprio sustento.
Importante: o BPC não é aposentadoria e não exige contribuição ao INSS. Ele é voltado a quem está em situação de vulnerabilidade social.
Criança autista tem direito ao BPC?
Sim, crianças e adolescentes com autismo podem ter direito ao BPC, desde que a família comprove dois critérios principais: a condição de deficiência e a baixa renda familiar.
A deficiência é caracterizada pelo diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (CID F84.0), que pode ser de qualquer grau, leve, moderado ou severo. O que importa é o quanto o autismo interfere nas atividades do dia a dia da criança, como na comunicação, interação social e autonomia.
Além disso, é preciso que a família esteja em situação de vulnerabilidade, ou seja, com renda por pessoa inferior a 1/4 do salário mínimo. Essa condição será avaliada pelo INSS com base em documentos, cadastro no CadÚnico e, em alguns casos, visitas domiciliares.
Quais são os requisitos para receber o BPC por autismo?
Para que uma criança ou adolescente com autismo tenha direito ao BPC, é necessário que dois requisitos principais sejam cumpridos: comprovação da deficiência e baixa renda familiar. Vamos entender melhor cada um deles:
1. Comprovação da deficiência
No caso do BPC, a deficiência não se resume ao diagnóstico médico. O INSS avalia se a criança ou adolescente com autismo enfrenta barreiras que impedem sua plena participação na sociedade em igualdade de condições com outras pessoas da mesma idade.
O autismo é considerado uma deficiência para efeitos legais, mas é necessário demonstrar que ele causa impedimentos de longo prazo em áreas como comunicação, aprendizado, mobilidade, autonomia ou socialização.
Para isso, é essencial apresentar:
Laudo médico com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), contendo o CID F84.0 ou equivalente;
Relatórios de profissionais da saúde (psicólogo, neurologista, psiquiatra, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo) que descrevam os impactos do autismo na rotina da criança;
Informações sobre a necessidade de acompanhamento constante, terapias, dificuldades na escola ou na interação com outras pessoas;
Se possível, declarações da escola ou de profissionais da rede de apoio, mostrando como o autismo interfere na vida cotidiana da criança.
A junção de documentos médicos, sociais e escolares fortalece a comprovação da deficiência para fins de BPC.
2. Comprovação de baixa renda
Além da condição de deficiência, o BPC só é concedido se a criança viver em situação de vulnerabilidade social, ou seja, em uma família com renda mensal por pessoa inferior a 1/4 do salário mínimo.
Para calcular essa renda, some todos os rendimentos da casa (como salários, pensões, aposentadorias e outros benefícios) e divida pelo número de moradores.
Além do valor da renda, o INSS pode analisar:
O cadastro no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais), que deve estar atualizado nos últimos dois anos;
Condições de moradia, gastos com remédios, alimentação especial, transporte, terapias e outros fatores que agravam a vulnerabilidade;
Em alguns casos, pode ser feita uma visita domiciliar por assistente social, para verificar a realidade da família de perto.
Mesmo que a renda ultrapasse um pouco o limite, é possível argumentar judicialmente, especialmente se houver despesas relevantes com a criança e ausência de políticas públicas suficientes para atender suas necessidades.
Como é feita a avaliação do INSS nesses casos?
Após o pedido, o INSS pode realizar diferentes etapas de análise. A primeira é a análise documental, em que o órgão avalia os laudos e relatórios médicos. Em seguida, pode haver uma perícia médica, feita por profissionais do INSS, para confirmar o diagnóstico e os impactos da deficiência.
Além disso, o caso pode passar por uma avaliação social, realizada por assistente social do INSS ou da rede de assistência, que observa a realidade familiar, condições de moradia, renda, despesas e necessidades da criança. Nem sempre o processo é simples, por isso é importante estar bem orientado.
Como solicitar o BPC para filho autista? Passo a passo
O processo pode parecer burocrático, mas com a orientação correta e os documentos organizados, é possível solicitar o benefício com mais segurança. Abaixo está um passo a passo detalhado e atualizado:
1. Atualize ou faça o CadÚnico
O primeiro passo é comparecer ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) mais próximo da sua casa para atualizar ou fazer o Cadastro Único, incluindo todos os membros da família. Leve os documentos de identidade, comprovante de residência e comprovantes de renda (se houver).
Sem o CadÚnico atualizado, o pedido do BPC não pode ser processado pelo INSS.
2. Reúna todos os documentos necessários
Organize os documentos da criança e da família. Isso inclui:
Certidão de nascimento ou RG e CPF da criança
RG, CPF e comprovantes de renda de todos os membros da casa
Laudos médicos atualizados com CID F84.0
Relatórios complementares de terapeutas, psicólogos, neurologistas, etc.
Comprovantes de gastos com medicação, alimentação, fraldas, transporte e terapias
Declarações escolares ou de acompanhamento social, se houver
Quanto mais completa a documentação, maior a chance de o pedido ser analisado com mais sensibilidade e compreensão.
3. Faça o pedido pelo Meu INSS
Você pode solicitar o BPC das seguintes formas:
Acesse o Meu INSS (via site ou aplicativo), faça login com a conta gov.br e clique em “Agendamentos / Requerimentos”, depois em “Novo requerimento”. Procure por “Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência” e siga as instruções.
Ligue para o telefone 135 (de segunda a sábado, das 7h às 22h).
Compareça a uma agência do INSS, com agendamento prévio.
Durante o processo, pode ser solicitado que você anexe documentos digitalizados ou compareça para perícia médica e avaliação social.
4. Acompanhe o andamento do pedido
Após a solicitação, é possível acompanhar o processo pelo site ou aplicativo Meu INSS. O benefício pode ser aprovado, indeferido ou encaminhado para avaliação adicional.
Fique atento a:
Chamados para perícia médica ou entrevista com assistente social;
Solicitações de documentos complementares;
Prazos para apresentar recurso, em caso de negativa.
5. Se for negado, recorra ou busque ajuda jurídica
Caso o benefício seja negado e você discorde do motivo, é possível apresentar um recurso administrativo diretamente no INSS. O prazo é de 30 dias após a decisão.
Se ainda assim a resposta for negativa, um advogado pode ingressar com ação judicial para garantir o direito da criança, apresentando provas e argumentos que mostrem a real situação da família e os impactos do autismo.
Perguntas Frequentes sobre o BPC para Crianças Autistas
Criança autista tem direito ao BPC?
Sim, desde que a família comprove baixa renda e a condição de deficiência.
Qual a renda máxima para ter direito ao BPC?
Até 1/4 do salário mínimo por pessoa da família, mas o INSS analisa o contexto.
Precisa de laudo médico para pedir o BPC?
Sim. É necessário apresentar laudo que comprove o Transtorno do Espectro Autista.
O BPC para autistas é vitalício?
Não. O benefício pode ser revisto periodicamente pelo INSS.
O que fazer se o pedido for negado?
Se o pedido do BPC for negado, o primeiro passo é verificar o motivo da negativa. Muitas vezes, o indeferimento acontece por falta de algum documento, erro na análise do INSS ou porque a renda familiar ultrapassa um pouco o limite previsto, mesmo com dificuldades reais.
Se houver erro ou injustiça, é possível apresentar um recurso administrativo, solicitando uma nova análise. Caso o recurso também seja negado, a família pode procurar um advogado para ingressar com uma ação judicial, onde será possível demonstrar melhor os impactos da deficiência e a situação de vulnerabilidade da criança e da família.
Como um advogado pode ajudar no pedido do BPC por autismo?
Um advogado especializado pode fazer toda a diferença na hora de solicitar o BPC. Ele ajuda a reunir os documentos certos, orientar os médicos sobre como elaborar relatórios mais completos e apresentar o pedido de forma clara e estratégica.
Se o benefício for negado, o advogado também pode recorrer nas vias administrativas ou entrar com ação judicial. Além disso, o apoio jurídico garante que a família seja respeitada, escutada e orientada com responsabilidade e empatia, evitando perdas de tempo e desgaste emocional.